26 de mar. de 2015

Test Time Review # 13 - Tim "Ripper"Owens no Judas Priest - Jugulator (1997 - Parte I)







Quando elaborei  o post Heavy Metal anos 90, 15 discos excelentes (e pouco lembrados) pelos fãs , fiquei com a fase Tim "Ripper"Owens no Judas Priest na cabeça, tanto que Jugulator, Live Meltdown '98, Demotlion e Live In London estão rodando no meu player com frequência nas últimas semanas. 

Inspirado pensei inicialmente em fazer um Test Time Review do disco Demolition (2001), até que o Andreh fez uma sugestão interessante, porque não cobrir a fase Tim Owens em um TTR diferente? Achei a idéia legal e resolvi revisitar esse período, dividindo em 2 partes. 


Talvez o caso de Tim "Ripper" Owens seja único, um fã chegar a substituir sua maior influência em termos vocais, Rob Halford. Carregando uma enorme responsabilidade o americano encarou o desafio e fez um grande trabalho. Começa aqui a jornada de volta aos tempos do Priest sem o Metal God.







A Banda

Tim Owens (Vocal)
Glen Tipton ( Guitarra)
K.K Downing (Guitarra)
Ian Hill (Baixo)
Scott Travis (Bateria)

O Contexto

O Judas Priest vivia um período de incertezas, após a saída de Rob Halford em 1992 no término da tour mundial de Painkiller, ele montou o Fight e lançou War Of Words em 1993 (contando com Scott Travis na bateria). Os rumores do fim da banda eram grandes, mas logo foram desmentidos, Travis ainda seguiria no posto e a dupla Glenn Tipton e KK Downing iam atrás de um novo vocalista.

Ralf Scheepers (ex-Gamma Ray e atual Primal Fear) chegou a ser cotado, mas não foi oficializado, Tim "Ripper"Owens, de Ohio,  cantava numa banda tributo ao Priest chamada British Steel e que havia gravado um disco com a banda Winter's Bane (Heart Of A Killer de 1993) foi aprovado para o posto em 1996. 

Ripper, que ganhou este apelido graças a perfomance espetacular na música The Ripper nos tempos de British Steel, tinha atributos suficientes para substituir Rob Halford, um bom alcance nas notas altas, agressividade e boas tonalidades graves. O jovem vocalista americano finalmente entrou em estúdio em 1996, para gravar Jugulator, um disco que já estava escrito antes de sua chegada. 

Cantando com seus ídolos, Owens, realizava um sonho e embarcaria em uma jornada impensável para quem assistiu a banda ao vivo pela primeira vez em 1984 e ia enfrentar o mais cruel dos julgamentos, dos fãs.

As Impressões do Passado

Jugulator foi lançado em 1997 e tinha uma missão espinhosa, superar toda a expectativa gerada pós Painkiller (1990), os sete anos que separaram os registros juntamente com a saída de Rob Halford criaram uma atmosfera pouco favorável para mudanças, mas o então reformado Judas Priest contra-atacou de maneira surpreendente.

Abraçando uma sonoridade pesadíssima, flertando com o Thrash Metal e alguns toques industriais, Glen Tipton e KK Downing buscavam elementos que transportasse o Priest para a década de 90, vale lembrar que o silêncio de 7 anos foi recheado de especulações.

Logo na abertura, Jugulator começa com sons industriais, guitarras dissonantes e dois bumbos fritando, Ripper solta sua potente voz, os timbres estão mais pesados e afinação mais baixas que Painkiller, a aproximação com o Thrash Metal é latente.

Outra diferença que notamos em relação ao passado é o volume do contra baixo de Ian Hill, bem mais forte na mixagem, carregando de grooves pesados como na aclamada Blood Stained, um dos maiores hits da fase Tim Owens.

As novas influências se espalham ao decorrer do disco, e a alternância de grandes sons com músicas medianas é um fator que incomoda, Dead Meat é dispensável, Death Row por sua vez é cativante com um refrão muito forte. Decapitate não sai do lugar comum, enquanto Burn In Hell é um dos maiores hits do Judas Priest com Owens nos vocais, uma música que estaria facilmente em Painkiller  com uma perfomance extraordinária do então novato vocalista.

Brain Dead é a faixa mais fraca do disco, um tanto arrastada, mas a trinca final é digna de aplausos, Abductors remete ao Mercyful Fate nos arranjos de voz, Bullet Train carrega bases pesadíssimas e solos de guitarras de Glen Tipton e KK Downing, e Cathedral Spires é a grande surpresa do álbum, épica e desoladora com mais de nove minutos, espetacular.

O Judas Priest soava mais pesado do que nunca, e provavelmente Jugulator será o registo mais brutal da carreira dos ingleses, essas mudanças soaram polêmicas e nem todos os fãs aprovaram, mas com certeza foi um diferencial para uma fase nova.

Como o álbum envelheceu?

Jugulator não é um disco fácil para quem vinha acompanhando a carreira deles, mas com o passar dos anos ele faz muito sentido, o Priest tinha que mostrar algo novo, mais atualizado e o fez muito bem, talvez a ausência dos duetos de guitarras tenha sido um dos pecados dos arranjos, entretanto, a cozinha de Scott Travis e Ian Hill nunca esteve tão bem.

Ripper (o foco desse TTR) foi muito bem, e ouvindo hoje, fica evidente que ele foi um substituto a altura de Rob Halford, conseguindo impor seu estilo mais agressivo se saindo muito bem nas músicas antigas.

O fato do Priest não ter lançado nada realmente espetacular depois da fase Tim Owens reforça minha opinião de que Jugulator é sim um bom trabalho, focado em soar bem pesado, diferentemente de Demolition (falarei dele na segunda parte).


*o primeiro registro ao vivo oficial do Priest desde 1987
Fatalmente Jugulator ficará esquecido uma vez que a banda em si não mais tocará nada do mesmo (pelo menos não existe qualquer previsão disso). Mas os ecos do debut de Tim Owens no Priest ainda podem ser ouvidos nas empreitadas solo do vocalista em seus inúmeros projetos e turnês mundo afora.

Para a sorte dos fãs a primeira tour com Ripper Owens foi registrada no duplo ao vivo Live Meltdown '98* que impressiona pela extrema desenvoltura do vocalista ao cantar os clássicos imortalizados na fase Rob Halford, e mostrar músicas do novo trabalho da época ( Blood Stained, Death Row, Abductors e Bullet Train).




Burn In Hell




Cathedral Spires



Electric Eye Live'98



Track List
  1. Jugulator
  2. Blood Stained
  3. Dead Meat
  4. Death Row
  5. Decapitate
  6. Burn In Hell
  7. Brain Dead
  8. Abductors 
  9. Bullet Train
  10. Cathedral Spires
Na segunda parte, teremos a analise de como Demolition,um dos discos mais polêmicos do Judas Priest, sobreviveu ao tempo e como a banda lidou com a repercussão de suas escolhas, até lá!


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