Nota: 8,5
O Black Sabbath é um ícone da cultura pop do século XX, percursor do Heavy Metal e uma das bandas mais adoradas e controversas da história do Rock, Tony Iommi, Ozzy Osbourne, Geezer Butler e Bill Ward mudaram o mundo da música e ganharam uma legião de fãs desde 1969.
Anos se passaram e muitas coisas aconteceram, reuniões, turnês, brigas, especulações até que 13 saiu finalmente dos planos e virou realidade, Bill Ward não comanda as baquetas (uma pena), mas Iommi, Ozzy e Butler levaram o projeto adiante junto com Rick Rubin como produtor e Brad Wilk (Rage Against The Machine e ex-Audioslave) na bateria. Eles conseguiram resultados surpreendentes, mesmo na faixa dos 60 anos ainda possuem muita lenha para queimar.
13 tem como ponto de partida o som da primeira década de existência da banda, Hard Rock/Heavy metal com incursões jazzisticas mescaldos com os vocais insanos de Ozzy. Falar dos riffs de Iommi é lugar comum, gênio com uma criatividade que extrapola explicações, assim como as linhas de baixo dinâmicas e criativas de Geezer Butler, a bateria de Brad Wilk é correta, não tão furiosa quanto Bill Ward em seu auge, mas se adequa bem ao estilo e cumpre bem seu papel.
O que mais fascina e intriga o ouvente é que toda a atmosfera criada no novo album remete diretamente ao que o Sabbath fez em seus três primeiros álbuns, Black Sabbath (69), Paranoid (70) e Masters of Reality (71). Inspiração ou direcionamento programado? Difícil saber, ainda mais conhecendo a reputação de Rubin, que assume a produção de grandes bandas e sempre tenta recriar velhos clássicos nos novos álbuns. Serei franco, não me importo, Sabbath soando clássico é algo que fazia falta, e esse fechamento de ciclo mostra o poder do núcleo clássico da banda.
O inicio lento e carregado de End of The Begining já demonstra tudo o que foi dito acima, é Sabbath clássico, sem mais nem menos, God Is Dead? foi o primeiro single e causou boa impressão, começa lenta com um bom refrão, e tem seu ápice com as guitarras de Iommi e o baixo de Geezer Butler acelerando no final como fizeram em Electric Funeral há 40 anos atrás.
As duas primeiras músicas são viagens de mais de 8 minutos, Loner, chega impondo respeito, Tony Iommi desenterra NIB com um ótimo riff e Ozzy entra com seu vocal propositadamente desleixado, transbordando feeling como sempre fez a frente do Sabbath, Butler e Wilk trabalham como um time, carregando a banda num groove hipinotizante. A melhor faixa de 13!
O álbum é um épico soturno, as vezes megalomaníaco, mas tem espaço para pequenas jóias como Zeitgeist, algo como o encontro de Planet Caravan com Changes, com destaques para Ozzy que mostra habilidade e sensibilidade e Iommi com um grande solo dedilhado.
Age Of Reason retoma o lado sombrio, mais uma composição longa, com uma boa intro de bateria de Brad Wilk, aliado ao peso que Geezer Butler impõe com seu baixo é um ponto alto, aqui ouvimos Ozzy e Iommi reeditando seus grandes momentos como fizeram no passado, grande solo de guitarra, digno de um mestre do instrumento.
Live Forever retoma a linha mais direta, com direito cavalgada no instrumental com uma parada no refrão (que gruda rápido na cabeça) abrindo espaço para Ozzy mostrar suas credenciais, o blues macabro de Damaged Soul remete ao período de Sabbath Bloody Sabbath nos vocais e nas improvisações instrumentais.
Ninguém pode reclamar que o tempo suavizou os bons velhinhos, Dear Father tem uma densidade e um peso típico das bandas Stoner/Doom atuais, vale destacar o bom trabalho de Brad Wilk que detona as peles da bateria nesse som, fechando o track list regular com os sinos e trovões que iniciam Black Sabbath em 1969. Ainda podemos destacar as 3 faixas bonus que em nada devem ao restante do material contidos em 13.
Podem falar que o Black Sabbath foi pouco espontâneo, ou ainda tentou recriar uma atmosfera perdida há anos, entretanto, fica claro a inspiração e o entrosamento que Ozzy Osbourne, Tony Iommi e Geezer Butler possuem quando trabalham juntos e sinceramente espero que 13 não seja o último disco dos caras, mas isso só o tempo pode dizer.
God is Dead?
End of The Begining
13 (2013)
- End Of The Begining
- God is Dead?
- Loner
- Zeitgeist
- Age Of Reason
- Live Forever
- Damaged Soul
- Dear Father
Bonus Track
Methademic
Peace Of Mind
Pariah
Todas as músicas compostas por Butler/Iommi/Osbourne
Produzido por Rick Rubin
A Banda
Ozzy Osbourne (Vocais)
Tony Iommi (Guitarra)
Geezer Butler (Baixo)
Brad Wilk (Bateria - Convidado)
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