18 de nov. de 2014

Test Time Review #10 - Libertad (2007)

— MAIS um disco de 2007?

Parece que eu tenho um karma mesmo, mas a safra desse ano foi REALMENTE muito boa, se olharmos pra trás. E vou além, do meu top 5 que eu fiz na época, mudaria vários nomes, pela quantidade de material que eu conheci daquele ano, nos anos seguintes.

— MAS pelo título não é outro disco "preferido" de 2007?

Então, justamente por ter citado que mudaria muita coisa nessa lista, que entra esse disco. Ao contrário dos antigos TEST TIME REVIEWs que eu fiz, o "Libertad", do Velvet Revolver, foi um dos discos que eu NÃO gostei na época. E fui curtir anos depois. Ou seja, esse "review temporal" vai mostrar como as coisas mudam ... (ou seu gosto).


A Banda


Mantendo o mesmo time do debut ("Contraband", de 2004), capitaneado por Slash e Scott Weiland, além de Duff McKagan, Matt Sorum e Dave Kushner.

Ainda assim, com os mesmos membros, a proposta do segundo disco é BEM diferente do primeiro... (Normalmente isso acontece quando há mudanças no lineup, mudanças de integrante costumeiramente influenciam na direção musical de um novo material)


Matt Sorum, Scott Weiland, Slash, Dave Kushner e Duff McKagan, Foto promocional do Libertad.



O Disco



01. "Let It Roll"
02. "She Mine"
03. "Get Out the Door"
04. "She Builds Quick Machines"
05. "The Last Fight"
06. "Pills, Demons & Etc."
07. "American Man"
08. "Mary Mary"
09. "Just Sixteen"
10. "Can't Get It Out of My Head" (written by Jeff Lynne)
11. "For a Brother"
12. "Spay"
13. "Gravedancer" (contains hidden track "Don't Drop That Dime" from 4:40)

De cara você já percebe a produção diferente do disco anterior, feita por Brendan O'Brien (Stone Temple Pilots. Pearl Jam, Korn), e tem um trabalho diferente do que eu já tinha ouvido com o Slash e/ou trampos solos dos ex-integrantes do Guns N' Roses.

"Let It Roll" já chega chutando o pau da barraca, energética, dando um up no disco. Que continua com "She Mine" que tem um "que" groovado e com uma levada mais rock n roll, Scott dá um show nela com várias vozes.

"Get Out The Door", que foi a terceira música de trabalho da banda (mesmo disco com 3 músicas de trabalho? É, faz tempo mesmo). Refrão grudento e Slash usando talkbox no solo. Outro som bem rock n roll classicão.

Com um dos melhores clipes que já vi (e/ou um dos últimos clipes bem feitos), "She Builds Quick Machines"  chega com Duff carregando a música no baixo e Slash continuando com o riff. E outro ótimo trampo vocal do Scott. Notas altas, back vocals e tudo mais. Outro destaque fica pra levada do Matt Sorum na bateria.




Bom, na música seguinte, o riff é familiar, mas a sonoridade dele não lembra tanto o que o Slash costuma usar ... pois é, é ele usando uma ES e não a costumeira Les Paul. Além da produção deixar o som mais "vintage". "The Last Fight" é A música desse álbum. Intensa, melódica, ótima letra. E com todos os integrantes se destacando individualmente. Mesmo que a música não seja "complexa".

Com a "cozinha" (baixo/bateria) introduzindo, "Pills, Demons & ETC" é outra pra dar um up no disco, ótimo riff, ótimo "wha wha", refrão grudento, pegada da bateria seguindo a linha de "Let It Roll" e baixo alto. Ótima música. E seguindo a mesma pegada, "American Man" é mais uma que que dá moral up no disco. Pessoalmente essa música é interessante, nunca foi das minhas preferidas, mas depois de ouvir algumas vezes, viciei. O riff com o vocal do Scott são sensacionais! Além de um baita solo (digasse de passage).

Que levada de baixo é essa? (Sou suspeito, timbre que o Duff usa é um dos meus preferidos). "Mary Mary" tem uma ótima linha vocal de Scott, ótimo back do Duff/Scott. E outro baita riff. Porém o destaque fica pra levada de baixo e bateria (a cozinha desse disco é MUITO boa, e em todos os reviews que vi, na época, não davam tanto destaque a ela).

"Just Sixteen" é a mais "rápida" do disco, mostrando a que veio. Outra música energética. Outro trampo vocal sensacional e um riff matador. Ah, e não podia faltar, "refrão grudendo da pora". Em contrapartida, a música seguinte quebra o rítimo, "Can't Get It Out Of My Head", acústica, intensa. E bom, o solo é típico "de Slash". Talvez isso aconteça (ter algo tão carcterístico do "cartola"), pela música ser cover do Electric Light Orchestra, música do Jeff Lynne. "For a Brother" parece uma continuação de "American Man", porém mais cadenciada, seguindo o rítimo ditado pelo disco inteiro. "Spay" é rápida, com muita distorção, muitos vocais. E com um dobro "escondido" entre os arranjos. Boa música.

A próxima música merece destaque, "Gravedancer" é a baladinha do disco. Conta com um ótimo riff (novidade...) e andamento com "wha wha" (pedal). Dave Kushner acompanha a levada muito bem (não citei muito ele aqui no review, mas fez um ótimo trampo rítmico no disco todo). Scott, novamente, faz um ótimo trabalho. 

Já a próxima música, bom ... destoa do disco todo, totalmente country, porém não soa distante não, já que é um estilo que acompanhou todos os integrantes em suas bandas anteriores. "Don't Drop That Dime" é excelente. Ela não vem creditada por estar na mesma faixa de "Gravedancer".


O disco tem 3 bônus tracks (seja versão japa, itunes e etc). E valem os créditos:  "GAS & A Dollar Laugh" lembra um pouco "Come On, Come In", música do próprio Velvet Revolver, pra trilha do filme do Quarteto Fantástico (ah, e tem jeitão de música do "Contraband").Vindo do EP "Melody And The Tyranny", "Psycho Killer" é cover do Talking Heads, ganhou um peso a mais nessa versão, e costumeiramente era tocada na turnê de 2007/2008. E claro, deixei a melhor pro final: "Messages" é outra baladinha do disco, lembra até um pouco a própria "Gravedancer", mas com andamento diferente, além da linha vocal completamente diferente. Outro show de Weiland e Slash. O destaque fica para os arranjos, com harmmond e tudo mais.


— E que DIABOS fez você mudar de opinião sobre o disco?

Acho que o problema principal para eu não ter curtido o "Libertad" foi ter esperado X e ter vindo Y. Eu esperei uma sequência do "Contraband". Que é outro discaço. Além de ter achado que tava soando muito Stone Temple Pilots (talvez a produção do Brendan O'Brien responda isso).

E numa entrevista que vi anos atrás, sobre um documentário do Velvet Revolver, um entrevistador comenta algo do tipo: "O primeiro disco foi mais punk, o segundo foi mais rock n' roll", e o Slash comenta que é um ponto de vista bem válido. Ou seja, na época, o disco não atendeu minhas expectativas, mesmo reconhecendo que haviam boas músicas no disco, vide "The Last Fight".

Depois de um tempão ... lá por 2009 (nuoss, são 5 anos já). resolvi ouvir novamente com atenção, e o disco que, por mim, não tinha uma "digestão" lá muito boa, começou a ficar mais interessante. Comecei a reparar nos arranjos mais sofisticados, a direção musical (como já dita, mais rock n roll), até a produção que me "incomodava" ficou mais "audível". A partir daí, fui gostando de mais músicas do disco (como foi o caso de "American Man", que eu citei anteriormente).

Pra finalizar, "Libertad" faz parte da lista de material que só consegui apreciar tempos depois, pior que eu meio que acredito nisso. Tem disco que você só vai curtir anos depois, quando você tiver na mesma "vibe". O que não ocorre quando o trampo saiu, seja pela sua expectativa nele, seja pelo que você tava ouvindo na época. São "n" fatores que determinam isso.

Então, eu acredito que existe um momento CERTO para que você REALMENTE consiga apreciar um trampo artístico.

Nenhum comentário: