É hora de mais uma discografia comentada aqui no Its Electric, e o nome da vez é o Nevermore, eles entraram em um hiato em 2011 e ainda não há nenhum sinal de retorno no curto prazo.
Enquanto as coisas continuam nebulosas por lá, vale conhecer uma das bandas mais originais e enigmáticas surgidas nos anos 90.
O ínicio
O Nevermore surgiu em Seattle logo após a dissolução do Sanctuary por volta de 1991, quando o vocalista Warren Dane e o baixista Jim Shepard se juntaram ao guitarrista Jeff Loomis (esse também integrou o Sanctuary na tour do disco Into The Mirror Black). O trio pretendia dar continuidade a sonoridade pesada da antiga banda mas por sua vez incluiram uma maior gama de influências experimentais tais quais o Gothic Rock e traços de Doom Metal.
A cena metal da época era complicada e o mundo ainda vivia a ressaca do fim do Grunge, sem a grande mídia e com um clima pouco favorável Dane e Cia trabalharam em estúdio para a estréia com o produtor Neil Kernon (que produziu o Queenrÿche em The Warning e Rage For order) que assumiu as rédeas da parte técnica após as gravações da primeira demo tape em 1994.
Ainda com poucos recursos, assinaram com o selo Century Media, que na época investia em nomes promissores do Metal como o Iced Earth. Tocaram o projeto em um cenário adverso e uma produção ainda deficiente, mesmo assim a banda chamou a atenção graças a originalidade de sua proposta.
Nevermore (1995)
Todo o clima sombrio e tenso pode ser sentido quando as primeiras notas ecoam, Warrel Dane já demonstra linhas vocais mais contidas, focando nos vocais mais graves, logo de cara ficava evidente a qualidade de Jeff Loomis, na época uma jovem promessa das guitarras.
O debut abre com a pesada e intrincada What Tomorrow Knows, carregada e sombria C.B.F (Chrome Black Future) traz os ecos de Sanctuary, incluindo vocais mais altos e as bases mais Thrash Metal, porém a assinatura Nevermore já é percebida, o ar sombrio impera, destaque para Van Williams que assume as baquetas nessa faixa e já mostra toda sua habilidade.
A inegável influência de Queensrÿche dá o tom na melhor faixa do debut, The Sanity Assassin, esta conta com a grande performance de Warren Dane, tanto nos graves como nos agudos, Jeff Loomis também mostra seu arsenal com um grande solo.
The Garden evidencia traços progressivos aliados ao groove imposto pelo baixo de Jim Sheppard, Sea Of Possibilities acelera com a mistura de Thrash Metal com Progressivo, a produção fraca compromete um pouco, mas o poder da composição se sobressai, The Hunting Words é arrastada, quase Doom, evoca vocalizações góticas de Dane, em um clima melancólico e profundo.
Fechando a estréia, Timothy Leary* é perturbadora e mergulha no Metal Progressivo com linhas pouco convencionais, Godmoney ressuscita o Sanctuary de Into The Mirror Black, guitarras ferozes, andamento up tempo e vocais mais raivosos de Dane.
Munidos de um bom disco de estréia e muita vontade de crescer o Nevermore caiu na estrada com o Blind Guardian na Europa e o Death nos Estados Unidos.
*quem é Timothy Leary
The Sanity Assassin
Track List
- What Tomorrow Knows
- C.B.F (Chrome Black Future)
- The Sanity Assassin
- The Garden
- Sea Of Possibilities
- The Hunting Words
- Timothy Leary
- Godmoney
A Banda
Warrel Dane (Vocais)
Jeff Loomis (Guitarra)
Jim Sheppard (Baixo)
Van Williams (Bateria Faixas 2,3,5 e 7) e Mark Arrington (Bateria Faixas 1, 4, 6 e 8)
In Memory EP (1996)
Optimist Or Pessimist é pesada e direta, Matricide é progressiva e emocional com um refrão explosivo e arranjos variados, a maturidade de composições fica bem clara em In Memory, uma das canções mais inspiradas da carreira dos caras.
Fechando o EP o medley do Bauhaus Silent Hedges/Double Dare escancaram a influência do Gothic Rock e pós Punk de Warrel Dane, e a melancólica The Sorrowed Man é um grande cartão de visitas de Jeff Loomis tanto na intro acústica como no solo inicial, o EP preparou os fãs para o segundo e Full Leght.
In Memory
Track List
- Optimist Or Pessimist
- Matricide
- In Memory
- Bauhaus Silent Hedges/Double Dare
- The Sorrowed Man
A Banda
Warrel Dane (Vocais)
Jeff Loomis (Guitarra)
Pat O'Brien (Guitarra)
Jim Sheppard (Baixo)
Van Williams (Bateria)
The Politics Of Ecstasy (1996)
No embalo do EP, o segundo álbum mantém a curva de qualidade ascendente, The Politics Of Ecstasy é visivelmente mais pesado, direto e bem produzido em relação a estréia, o conteúdo lírico continua focado em psicologia, críticas à sociedade e principalmente religião (tema recorrente nos registros do Nevermore).
A evolução sonora é nítida, o entrosamento da turnê trouxe mais consistência, e até hoje The Politics Of Ecstasy é considerado por muitos fãs como o melhor registro da banda, Pat O'Brien adicionou uma boa dose de peso nas bases e enriqueceu as harmonias, Van Williams se destaca mais na bateria, agora gravando todo o disco teve a oportunidade de mostrar seu ótimo trabalho.
O disco trouxe alguns clássicos eternos como a paulada Seven Tongues Of Gods e seu massacre de guitarras, a tétrica e hipnotizante Passanger é um Gothic Metal indefectível, enveredando para o groove pesadíssimo do baixo de Jim Sheppard (sua especialidade) The Politics Of Ecstasy* é a faixa mais complexa do disco, com um interlúdio progressivo de tirar o fôlego, outro grande clássico.
Ainda vale destacar a pesada Lost, a bela passagem acústica Precognition que evidencia a habilidade de Jeff Loomis como guitarrista e arranjador, The Learning fecha o disco em mais uma viagem progressiva e obscura.
Ainda nas sessões de gravações foi feita o cover de Love Bites do Judas Priest, que entrou para excelente tributo A Tribute to Judas Priest: Legends of Metal
*Baseada no livro de mesmo nome do autor Timothy Leary
Seven Tongues Of God
Track List
- Seven Tongues Of God
- This Sacrament
- Next In Line
- Passanger
- The Politics Of Ecstasy
- Tiananmen Man
- Precognition (instrumental)
- 42147
- Learning
A Banda
Warrel Dane (Vocais)
Jeff Loomis (Guitarra)
Pat O'Brien (Guitarra)
Jim Sheppard (Baixo)
Van Williams (Bateria)
Com os bons resultados obtidos o Nevermore continuava sua escalada rumo a uma posição de destaque na cena Metal, os anos seguintes marcaram o topo da carreira da turma de Seattle, mas isso fica para a próxima.
Fiquem atentos que ainda teremos a segunda e terceira parte da discografia comentada do Nevermore aqui no Its Electric.
Até lá, curtam esses 3 grandes registros!
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