23 de jun. de 2015

Test Time Review # 13 - Tim "Ripper" Owens no Judas Priest - Demolition (2001 - Parte II)





Quem acompanhou o lançamento de Demolition e toda a expectativa gerada em torno dele vai lembrar desses relatos, após a tour bem sucedida de Jugulator, e do resultado satisfatório de 98'Live Meltdown, todos aprovavam a nova formação no palco, mas muitos queriam um material mais próximo do Judas Priest clássico, uma vez que Tim Owens se mostrou perfeitamente adaptado a banda, porém o direcionamento pesado, mesclando o metal tradicional ao thrash e toques industriais causaram reações adversas de uma parcela significativa dos fãs.

A Banda

Tim Owens (Vocal)
Glen Tipton ( Guitarra)
K.K Downing (Guitarra)
Ian Hill (Baixo)
Scott Travis (Bateria)


O Contexto

A cena Metal vivia a explosão do New Metal na América do Norte e Reino Unido, e do Power Metal, Progressivo e Black Metal na Europa, Ásia e América do Sul, em meio a tantas tendências as reuniões das bandas clássicas pipocavam, Black Sabbath lançara Reunion em 98 e rumores de um novo álbum e tour pairavam no ar,  Iron Maiden colhia frutos da volta de Bruce Dickinson e Adrian Smith e Rob Halford ensaiava a volta ao som tradicional após experimetos do Two com sua banda Halford.

Pelos lados do Priest, no estúdio, a banda já adentrava a época da internet soltando boletins das gravações do então novo álbum da banda, com vídeos e pequenos trechos de riffs, vocais e bateria, em algumas entrevistas Glen Tipton e KK Downing falavam em um álbum mais melódico que o antecessor, mas visando o século XXI, ou seja, ninguém de fato sabia o que esperar do registro.

Com tanta coisa acontecendo, em julho de 2001 Demolition é lançado e então começam os reviews da imprensa anteriores ao lançamento (sim, em 2001 ainda não existiam vazamentos tão frequentes) se dividiam, uns falavam que era um Judas Priest melódico e pesado, outros taxavam de quase new metal, lotado de sintetizadores e acordes dissonantes. No fim das contas o disco era tudo isso misturado.

As Impressões do Passado

Demolition era estranho de fato, e uma certa crise de identidade podia ser percebida em algumas músicas, a banda se encontrava em uma situação delicada, ao mesmo tempo que buscava uma atualização sonora e uma progressão iniciada em Painkiller (1991) acentuada em Jugulator (1997) tentava se reconciliar com o passado, e isso pesou no resultado final.

Confesso que sempre gostei de Demolition, mas nunca achei que estava a altura de Tim Owens, o maior prejudicado de tudo, uma vez que as composições eram majoritariamente feitas por Glen Tipton e Kk Downing. 

Ao passo que a pesada e thrash Machine Man continuava com a estética de Jugulator, One On One trazia guitarras emparelhadas e solos melodiosos, mas tudo envolto de sintetizadores que derma um toque interessante nos timbres. Ainda temos a eclética Hell Is Home que se assemelhava ao som do Alice In Chains e Godsmack, uma grande música, mas totalmente diferente do que a banda costumava a fazer.

Momentos menos inspirados também davam as caras como Devil Digger que se aproximava bastante do que Marilyn Manson fazia na época, a instabilidade marcou Demolition, Bloodsuckers é uma grande canção, a melhor do disco, enquanto que In Between tem a cara e o jeito de um B-side, Feed On Me é interessante com uma linha melódica que lembrava a banda Dio, mas com efeitos e sintetizadores. E assim o disco vai até o final, coma polêmica Metal Messiah, que junta o Metal oitentista com o New Metal de forma ousada e interessante. 

Em termos de perfomance, é inegável que a banda estava em grande forma, e tudo é muito bem excecutado, os ponto positivos são o retorno das guitarras melódicas e os vocais sempre acertados de Tim Owens,a além de uma presença mais forte do baixo de Ian Hill aliado a bateria forte e Scott Travis. Por sua vez os pontos negativos ficam em torno de um álbum longo, com muitas canções dispensáveis e alguns sintetizadores que não casaram com algumas composições

Como o álbum envelheceu?

Demolition envelheceu de forma curiosa, o esforço em soar moderno para a época, inicio dos anos 2000, faz com que hoje ele soe datado em alguns momentos, a impressão de que Glen Tipton e KK Downing queriam se ajustar ao mercado da música pesada é latente, e tendência do Heavy Metal em soar mais industrial e sintetizado se esvaziou. Com isso percebemos  o passar do tempo mostra que autenticidade é atemporal, ou seja, Britsh Steel de 1980 soa mais atual que Demolition, nesse aspecto a arte é irônica.

Mas torna-se inevitável olhar para o que o Judas Priest fez com a  volta de Rob Halford, e perceber que eles tentam a todo custo remontar um passado que não volta, e Demolition, mesmo não sendo um disco perfeito, marcou a tentativa de colocar  a banda em uma nova etapa em termos sonoros. 

Ouvindo o disco hoje, percebo que muito que foi feito nele era bem intencionado mas mal conduzido em alguns aspectos, gosto de Demolition e volta e meia ele rola aqui no play,  mas Tim Ripper Owens merecia cantar um trabalho melhor.
Live In London


Para fechar o ciclo de Tim Owens a banda lançou o ao vivo Live In London, mostrando o Judas Priest afiado no palco mesclando músicas da fase clássica com material novo, o disco não tem o mesmo impacto de 98' Live Meltdown, mas é um documento digno desse ciclo.

One On One (Live In London)




Blood Suckers (live bootleg 2002)



Track List

  1. Machine Man
  2. One On One
  3. Hell Is Home
  4. Jakyll And Hyde
  5. Close To You
  6. Devil Digger
  7. Bloodsuckers
  8. In Between
  9. Feed On Me
  10. Subterfuge
  11. Lost And Found
  12. Subterfuge
  13. Metal Messiah
Após a tour do Demolition, Rob Halford retornou em 2004 para iniciar os trabalhos de Angel Of Retribution lançado em 2005, e Tim Owens foi efetivado no Iced Earth, no qual gravou dois discos de estúdio, mas isso é outra história que será contada na quarta parte da discografia da banda.


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