Quem acompanhou o lançamento de Demolition e toda a expectativa gerada em torno dele vai lembrar desses relatos, após a tour bem sucedida de Jugulator, e do resultado satisfatório de 98'Live Meltdown, todos aprovavam a nova formação no palco, mas muitos queriam um material mais próximo do Judas Priest clássico, uma vez que Tim Owens se mostrou perfeitamente adaptado a banda, porém o direcionamento pesado, mesclando o metal tradicional ao thrash e toques industriais causaram reações adversas de uma parcela significativa dos fãs.
A Banda
Tim Owens (Vocal)
Glen Tipton ( Guitarra)
K.K Downing (Guitarra)
Ian Hill (Baixo)
Scott Travis (Bateria)
O Contexto
A cena Metal vivia a explosão do New Metal na América do Norte e Reino Unido, e do Power Metal, Progressivo e Black Metal na Europa, Ásia e América do Sul, em meio a tantas tendências as reuniões das bandas clássicas pipocavam, Black Sabbath lançara Reunion em 98 e rumores de um novo álbum e tour pairavam no ar, Iron Maiden colhia frutos da volta de Bruce Dickinson e Adrian Smith e Rob Halford ensaiava a volta ao som tradicional após experimetos do Two com sua banda Halford.
Pelos lados do Priest, no estúdio, a banda já adentrava a época da internet soltando boletins das gravações do então novo álbum da banda, com vídeos e pequenos trechos de riffs, vocais e bateria, em algumas entrevistas Glen Tipton e KK Downing falavam em um álbum mais melódico que o antecessor, mas visando o século XXI, ou seja, ninguém de fato sabia o que esperar do registro.
Com tanta coisa acontecendo, em julho de 2001 Demolition é lançado e então começam os reviews da imprensa anteriores ao lançamento (sim, em 2001 ainda não existiam vazamentos tão frequentes) se dividiam, uns falavam que era um Judas Priest melódico e pesado, outros taxavam de quase new metal, lotado de sintetizadores e acordes dissonantes. No fim das contas o disco era tudo isso misturado.
As Impressões do Passado
Demolition era estranho de fato, e uma certa crise de identidade podia ser percebida em algumas músicas, a banda se encontrava em uma situação delicada, ao mesmo tempo que buscava uma atualização sonora e uma progressão iniciada em Painkiller (1991) acentuada em Jugulator (1997) tentava se reconciliar com o passado, e isso pesou no resultado final.
Confesso que sempre gostei de Demolition, mas nunca achei que estava a altura de Tim Owens, o maior prejudicado de tudo, uma vez que as composições eram majoritariamente feitas por Glen Tipton e Kk Downing.
Ao passo que a pesada e thrash Machine Man continuava com a estética de Jugulator, One On One trazia guitarras emparelhadas e solos melodiosos, mas tudo envolto de sintetizadores que derma um toque interessante nos timbres. Ainda temos a eclética Hell Is Home que se assemelhava ao som do Alice In Chains e Godsmack, uma grande música, mas totalmente diferente do que a banda costumava a fazer.
Momentos menos inspirados também davam as caras como Devil Digger que se aproximava bastante do que Marilyn Manson fazia na época, a instabilidade marcou Demolition, Bloodsuckers é uma grande canção, a melhor do disco, enquanto que In Between tem a cara e o jeito de um B-side, Feed On Me é interessante com uma linha melódica que lembrava a banda Dio, mas com efeitos e sintetizadores. E assim o disco vai até o final, coma polêmica Metal Messiah, que junta o Metal oitentista com o New Metal de forma ousada e interessante.
Em termos de perfomance, é inegável que a banda estava em grande forma, e tudo é muito bem excecutado, os ponto positivos são o retorno das guitarras melódicas e os vocais sempre acertados de Tim Owens,a além de uma presença mais forte do baixo de Ian Hill aliado a bateria forte e Scott Travis. Por sua vez os pontos negativos ficam em torno de um álbum longo, com muitas canções dispensáveis e alguns sintetizadores que não casaram com algumas composições
Como o álbum envelheceu?
Demolition envelheceu de forma curiosa, o esforço em soar moderno para a época, inicio dos anos 2000, faz com que hoje ele soe datado em alguns momentos, a impressão de que Glen Tipton e KK Downing queriam se ajustar ao mercado da música pesada é latente, e tendência do Heavy Metal em soar mais industrial e sintetizado se esvaziou. Com isso percebemos o passar do tempo mostra que autenticidade é atemporal, ou seja, Britsh Steel de 1980 soa mais atual que Demolition, nesse aspecto a arte é irônica.
Mas torna-se inevitável olhar para o que o Judas Priest fez com a volta de Rob Halford, e perceber que eles tentam a todo custo remontar um passado que não volta, e Demolition, mesmo não sendo um disco perfeito, marcou a tentativa de colocar a banda em uma nova etapa em termos sonoros.
Ouvindo o disco hoje, percebo que muito que foi feito nele era bem intencionado mas mal conduzido em alguns aspectos, gosto de Demolition e volta e meia ele rola aqui no play, mas Tim Ripper Owens merecia cantar um trabalho melhor.
Live In London |
Para fechar o ciclo de Tim Owens a banda lançou o ao vivo Live In London, mostrando o Judas Priest afiado no palco mesclando músicas da fase clássica com material novo, o disco não tem o mesmo impacto de 98' Live Meltdown, mas é um documento digno desse ciclo.
One On One (Live In London)
Blood Suckers (live bootleg 2002)
Track List
- Machine Man
- One On One
- Hell Is Home
- Jakyll And Hyde
- Close To You
- Devil Digger
- Bloodsuckers
- In Between
- Feed On Me
- Subterfuge
- Lost And Found
- Subterfuge
- Metal Messiah
Após a tour do Demolition, Rob Halford retornou em 2004 para iniciar os trabalhos de Angel Of Retribution lançado em 2005, e Tim Owens foi efetivado no Iced Earth, no qual gravou dois discos de estúdio, mas isso é outra história que será contada na quarta parte da discografia da banda.
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