30 de abr. de 2015

Discografia Comentada: Iced Earth (1988-2014) - Parte 3


Da esq. para dir: Jon Schaffer, Matt Barlow, Brent Smedley, Larry Tarnowski e James MacDonough
Os bons ventos do sucesso sopravam no barco do Iced Earth,  apesar da saída do guitarrista Randy Shawver e do baixista Dave Abell, membros dos primórdios da banda, mas contando com Mat Barlow aclamado pelos fãs, Jon Schaffer recrutou o guitarrista Larry Tarnowsky, James MacDonough foi efetivado como baixista, Brent Smedley não pode gravar a bateria  do novo disco por motivos logísticos, e mais uma vez Mike Prator assumiu as baquetas no estúdio para o quinto disco de inéditas.

Com o novo time, e contando com Jim Morris na produção, foi iniciado as gravações do clássico Something Wicked This Way Comes, o maior clássico do Iced Earth.

Nunca é demais ressaltar que aqui no Brasil o disco foi lançado numa parceria da Century Media com a Rock Brigade Records, e nos famigerados anúncios da revista Rock Brigade vendiam a banda como uma revelação do Power Metal, quem acompanhava a revista na época deve se lembrar.

Something Wicked This Way Comes (1998)



Despontando como a próxima grande banda da cena Heavy Metal, o Iced Earth ganhou muito destaque após o excelente resultado do clássico The Dark Saga, mas a consolidação do sucesso se deu em Something Wicked This Way Comes, Jon Schaffer alcançara seu auge como compositor e tinha em Matt Barlow um parceiro forte, que além de ajudar em composições tinha um estilo de cantar diferente da maioria, mesclando bem sua técnica apurada com fúria e emoção.

Com treze composições fortíssimas seria difícil não chamar a atenção, e não deu outra, fugindo dos padrões do Heavy Metal do fim dos anos 90, a banda se destacou por resgatar parte do estilo clássico mas introduzir excelentes doses de peso e dramaticidade.

Quando o riff pesado acompanhado dos sinos dão inicio ao clássico Burning Times, percebemos que o Iced Earth não veio para brincadeiras, os vocais furiosos de Barlow e o baixo pesadíssimo de MacDonough se destacam, a power ballad Melacholy (Holy Martyr) é uma das músicas símbolos do disco, um clássico festejado até hoje.

O equilíbrio entre peso, fúria e grandes melodias é uma constante, Disciples Of The Lie é uma paulada Thrash Metal, enquanto Watching Over Me é uma balada em homenagem a um falecido amigo de infância de Jon Schaffer. 

Aumentando a rotação, Stand Alone chega sem pedir licença com um grande trabalho de guitarras nos riffs metralhados de Schaffer e nos solos harmônicos de Larry Tarnowski, Consequences da seguimento a dinâmica, peso/calmaria do disco, com passagens acústicas e Barlow arrasando nos vocais.

O disco não perde o pique, e My Own Savior aparece como mais um clássico que remete aos primeiros trabalhos do Iced Earth, a pesada Reaping Stone adiciona mais groove ao som, e a instrumental 1776 tem grandes arranjos inspirados em Iron Maiden e um solo de flauta e para fechar o track list regular, Blessed Are You é uma homenagem da banda aos seus fãs e um ótimo cartão de visitas de Larry Tarnowski.

As três últimas músicas formam a trilogia Something Wicked, que conta a história de uma civilização alienígena que vem retomar sua supremacia no planeta Terra (mais detalhes da história será contada posteriormente). 

Prophecy apresenta a melhor perfomance da carreira de Matt Barlow, e um som de baixo arrasador, com um inicio melancólico e um final apocalíptico, a influência de Judas Priest é notória em Birth Of The Wicked, os compassos de bateria lembram bastante os usados no disco Painkiller, uma música pesada que transborda guitarras com grandes riffs e solos com harmonias orientais, a épica Coming Curse fecha esse grande clássico, o clima desolador das letras, se espalha na sonoridade pesada e feroz, além da interpretação indefectível de Barlow no forte refrão.

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A Banda

Jon Schaffer (Guitarra)
Matt Barlow (Vocais)
James MacDonough (Baixo)
Larry Tarnowski (Guitarra)
Mike Prator (Bateria - Estúdio)






A excelente fase foi imortalizada no álbum triplo ao vivo Alive In Athens de 1999, o registro marcou o auge do Iced Earth, que estava prestes a se tornar um dos maiores nomes do Heavy Metal mundial.






A banda

Jon Schaffer (Guitarra)
Matt Barlow (Vocais)
James MacDonough (Baixo)
Larry Tarnowski (Guitarra)
Brent Smedley (Bateria)

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Tarnowiski, Christy, Schaffer e Barlow

Após o ciclo vitorioso, as expectativas em cima do Iced Earth eram enormes, uma vez que Something Wicked This Way Comes trouxe novos fãs, muitos conheceram a banda nesta fase, e o triplo ao vivo chamou a atenção do público, era hora de Jon Schaffer dar continuidade ao trabalho, porém a tentativa de montar um dream team do Metal não foi a mais acertada...

As saídas de James MacDonough, que se desentendeu com Schaffer, e Brent Smedley por questões pessoais, no baixo e na bateria respectivamente, fizeram com que o chefão recrutasse dois nomes em forte ascenção no cenário do Heavy metal na época, Steve DiGiorgio e Richard Christy, baixista e baterista, ambos haviam impressionados os fãs de música pesada com excelentes participações no disco The Fragile Art Of Existence do Control Denied lançado em 1999.

Horror Show (2001) 




Com grandes nomes, e popularidade em alta o Iced Earth entra em estúdio para lançar seu sexto trabalho de inéditas, Horror Show, que consistia em contar histórias clássicas de terror sendo que cada música representaria um personagem clássico do gênero.

A idéia era muito boa, o resultado final ficou abaixo das expectativas,a mixagem complicou o resultado final e algumas composições mais fracas aparecem no track list, o disco não é ruim mas está bem abaixo dos anteriores.

Musicalmente o entrosamento do trio Schaffer/Barlow/Tarnowski garantiam consistência criativa às composições, Richard Christy fez um excelente trabalho na bateria, e Steve DiGiorgio apareceu com grandes linhas de baixo, mas um desentendimento com Schaffer reduziu sua participação a um mero convidado, mais uma vez a banda se via diante de mudanças de integrantes.

Os melhores momentos do disco são dignos de serem chamados de clássicos, Wolf é a música mais brutal do Iced Earth, Richard Christy frita os bumbos da bateria e Barlow vocifera de forma selavagem, Demien é um ode aos momentos épicos, uma viagem de 9 minutos, macabra e intensa virou um hino imediato, e Jack retorna com a brutalidade que abriu o trabalho.

Entretanto, momentos mais fracos se fazem presente, Ghost Of Freedom é uma balada clichê e incomoda por soar excessivamente genérica, IM-HO-TEP (Pharao's Curse) agrada e tem arranjos de guitarras muito bons, mas os vocais mostram claro desgaste, aliás é evidente que Barlow não estava em sua melhor forma, apesar de grande vocalista.

Jackyl & Hyde é empolgante e se destaca devido ao grande arranjo e ao solo "maideniano" de Tarnowski, o andamento up tempo mostra toda a precisão da cozinha formada por Christy/DiGiorgio. Dragon's Child é agraciada de um riff poderoso de Schaffer e melodias vocais cativantes, gruda rápido na cabeça do ouvinte.

Alguns equívocos foram cometidos como incluir Transylvania do Iron Maiden no track list regular, faz sentido pela temática mas musicalmente poderia dar espaço para uma composição autoral, Frankstein é fraca e pouco acrescenta ao resultado final.

A irregularidade é uma marca do disco, Dracula é um dos maiores momentos do Iced Earth, tanto em termos de arranjos como perfomance, a banda funciona muito bem, mas Phantom Of Opera Ghost escorrega ao ser forçada, e com um apelo pouco convincente.

Apesar de um bom trabalho, estava claro que havia algo de errado no Iced Earth e que a química estava abalada, tempos complicados estavam a frente de Jon Schaffer.

A banda

Jon Schaffer (Guitarra)
Matt Barlow (Vocais)
Larry Tarnowski (Guitarra)
Steve DiGiorgio (Baixo)
Richard Christy  (Bateria)


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Pegando o gancho da tour ao lado do Megadeth, e ainda com prestigio em alta, apesar da esfriada discreta que Horror Show trouxe a carreira do Iced Earth, eles entram em estúdio e gravam o álbum de covers Tribute To The  Gods (2001) lançado  inicialmente no Box Dark Genesis e posteriormente, ganhando uma edição relançada avulsa.

As versões ficaram muito boas, e possuem a identidade do Iced Earth sem desfigurar a aura clássica das músicas, um bom registro que servia de aquecimento para o próximo álbum de inéditas dos caras.

Parecia que Jon Schaffer conseguiu estabilizar a formação contado com a volta do baixista  James McDonough desde a turnê. Sendo assim a banda estava estabelecida com os seguintes nomes.

A banda

Jon Schaffer (Guitarra)
Matt Barlow (Vocais)
Larry Tarnowski (Guitarra)
James MacDonough (Baixo)
Richard Christy  (Bateria)



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Um golpe  surpreendente atinge o front de Jon Schaffer, nas gravações do vindouro de The Glorious Burden, Matt Barlow anuncia que não seguiria com a banda na tour do novo disco para se dedicar a carreira de policial, motivado pelos atentados de 11 de Setembro.

Internamente Schaffer sentia que a perfomance de Barlow já não estava tão convicente, e alguns sinais de desgastes já em Horror Show se amplificaram, tomando uma decisão drástica ficou acertado que os vocais principais seriam regravados. Larry Tarnowski também deixa a banda. 

Com essas baixas o Iced Earth entrava em um período complicado, que cobriremos na quarta parte da nossa saga.

Continuem acompanhando!



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