Nota: 8,5
O maior desafio de quem gosta de escrever sobre música é soar imparcial ao fazer uma resenha de um lançamento de uma de suas bandas favoritas sem soar demasiadamente fanático, pois bem é hora de encarar tal desafio, estou aqui para resenhar o mais novo registro do Queensrÿche, o álbum auto intitulado que marca grandes mudanças no front do quinteto de Seattle.
Desde que Geoff Tate foi despedido muitos fãs colocaram em xeque a capacidade da banda em se reorganizar e principalmente entregar um registro que representasse sua essência, uma vez que American Soldier e Dedicated To Chaos, os dois últimos registros da banda, representavam quase que um trabalho solo de Geoff Tate, contando com compositores de fora da banda gerando uma enorme controvérsia.
Quando tudo parecia perdido Todd LaTorre apareceu como o substituto ideal, o vocalista possuí um timbre que se encaixa no estilo do Queensrÿche e mesmo com uma óbvia influência de Geoff Tate, traz muita personalidade e mostra características diferenciadas como drives agressivos em sua voz, o aproximando de Bruce Dickinson e Rob Halford.
A expectativa por um grande disco era enorme, vários teasers do álbum foram divulgados antes do lançamento e confirmavam que um dos maiores nomes da cena estava realmente de volta, o Queesnrÿche parecia resgatar sua credibilidade.
Mesmo assim a os fãs esperavam para conferir o material completo, e felizmente as expectativas foram atingidas, a mescla de Hard Rock, Heavy Metal com toques progressivos dá o tom no album, tendo como pilar criativo Scott Rockenfield, Michael Wilton e Todd Latorre o Queensrÿche retoma a sonoridade da era Rage For Order e Operation: Mindcrime, um alento aos fãs que sonhavam com isso faz bons anos.
O trabalho é curto, direto, mas muito bem estruturado, as guitarras de Parker Lundgren e Michael Wilton estão afiadas, mostrando um entrosamento até certo ponto surpreendente, fato que não ocorria desde a saída de Chris DeGarmo, Scott Rockenfield é um dos melhores bateristas do estilo e Eddie Jackson é um baixista que cria suas linhas de forma fluente e melódica, Todd LaTorre mostra força nas notas altas e uma boa levada no médios, é versátil e talentoso.
A atmosferica introdução X2 imenda com uma grande surpresa, Where Dreams Go To Die , é uma das melhores canções do álbum e para a surpresa de muitos é uma composição de Parker Lundgren, uma power ballad, com forte presença da bateria precisa de Rockenfield, e claro as harmonias das guitarras criando arranjos interessantes, tudo amarrado a um poderoso refrão, o Queensrÿche está realmente de volta.
A progressiva Spore poderia estar em Rage For Order, entretanto já mostra um caminho novo, mais progressiva e um pouco mais pesada que o habitual, tendo nos vocais de LaTorre um ponto alto, cantando linhas complexas.
In This Light nos transporta para a fase de ouro dos caras, uma semi balada Hard Rock, com uma grande letra e excelentes melodias como fizeram em Empire, os arranjos de teclados ao fundo e a linha de baixo de Eddie Jackson reforçam essa impressão. Um grande momento sem dúvidas.
Redemption foi a primeira faixa liberada antes do lançamento, é a ponte entre o passado e o futuro do Queensrÿche, com vocais que hora remetem a Geoff Tate hora Rob Halford, é uma música com um acento mais moderno e progressivo. Vindication é simplesmente Heavy Metal, soando atual, furiosa, mais uma perfomance instrumental arrasadora, mais um show de Scott Rockenfield.
Midnight Lullaby é a intro para a atmosférica e sombria World Without, os excelentes arranjos orquestrais, o clima sombrio e as vocalizações melancólicas de LaTorre nos transportam aos momentos mais obscuros de Operation : Mindcrime, Don't Look Back retoma o lado Hard/Heavy de Queensrÿche com riffs e solos da dupla Wilton/Lundgren Fallout segue a mesma linha, foi o primeiro single, é empolgante e levanta o ouvinte com backing vocals bem colocados e um solo certeiro de Wilton.
Para fechar, Open Road é uma balada épica que honra o legado de clássicos como I Will Remember, e aqui Todd LaTorre brilha novamente com as melhores linhas vocais do álbum, mais uma vez encontramos samples orquestrais ao fundo, criando uma atmosfera épica indefectível.
Uma pequena ressalva fica por conta da mixagem, com muita compressão gera alguns ruídos e estouros de timbres os quais podem prejudicar ouvintes que tenham ouvidos mais críticos e equipamentos de maior fidelidade
Queensrÿche é um álbum sombrio, pesado e intenso, resgata o passado mas abre as portas para o futuro que após o fiasco de Dedicated To Chaos parecia incerto e desastroso. É muito bom ouvir esses caras em grande forma novamente.
Redemption
Fallout
Queensrÿche (2013)
01. X2 (Scott Rockenfield)
02. Where Dreams Go To Die (Parker Lundgren, Todd LaTorre, Michael Wilton)
03. Spore (Rockenfield, LaTorre, Eddie Jackson)
04. In This Light (Rockenfiled, Jackson)
05. Redemption (Wilton, LaTorre, Rockenfield)
06. Vindication (Wilton, LaTorre, Rockenfield)
07. Midnight Lullaby (Rockenfield, LaTorre)
08. World Without ( Rockenfield, LaTorre, Wilton)
09. Don't Look Back (Wilton, LaTorre)
10. Fallout (Rockenfield, Jackson)
11. Open Road (Rockenfield, LaTorre, Wilton)
Bonus Track
12. Queen Of The Reich (live, iTunes Version)
13. Enforce (live, iTunes Version)
Produzindo por James "Jimbo" Barton
A Banda
Todd LaTorre (Vocais)
Michael Wilton (Guitarra)
Scott Rockenfield (Bateria e Teclados e Arranjos Orquestrados)
Eddie Jackson (Baixo e Backing Vocals)
Parker Lundgren (Guitarra e Backing Vocals)
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