Nota: 8,5
A história do Noturnall é bem peculiar e até certo ponto surpreendente, quando Thiago, Leo, Fernando e Juninho integravam o Shaman em sua segunda encaranação, ao lado de Ricardo Confessori, ficavam sempre escondidos atrás do fantasma da primeira e nitidamente bem sucedida formação, com o hiato da banda, o quarteto se reinventou recrutou Aquiles Priester na bateria e no ano passado lançaram o debut Noturnall, um dos melhores discos de 2014.
Aproveitando o bom momento que resultou em duas turnês, uma brasileira e outra européia a banda voltou ao estúdio para trabalhar em seu segundo disco, Back To Fuck You Up! Mais uma vez sem quaisquer vestígios das composições do Shaman, e preparam-se porque os caras vieram mais ousados e pesados.
A sonoridade desse segundo trabalho ainda segue a trilha aberta pelo disco de estréia, mas já começa ganhar contornos mais brutais, a produção é crua e a sonoridade é bem aberta, ou seja, todos os instrumentos são audíveis mas com timbres orgânicos, menos rebuscados, em contrapartida os arranjos são complexos e até certo ponto caóticos, mas as vezes a mixagem fica pouco cristalina, principalmente na voz de Thiago.
A introdução Enquanto a Trégua Não Vem abre espaço para Thrash com traços Prog Back To Fuck You Up, uma pedrada, na qual Thiago Bianchi usa vocais urrados, Leo Mancini dispara riffs pesadíssimos e Aquiles destrói seu kit de bateria de forma violenta.
A influência do Prog metal se amplia em Zombies (The Holy Trinity), aqui o tecladista Júnior Carelli e o baixista Fernando Quesada mostram suas armas, o interlúdio instrumental remete ao Dream Theater, tamanha precisão apresentada, na sequencia outro grande petardo Fight The System, uma letra curta (com citação dos Racionais Mc's) e muito forte e um refrão ótimo, mais um show de peso e agressividade e a melhor faixa do disco.
Back To Fuck You Up! flui muito bem, e a essa altura fica claro que o Noturnall acertou ao trazer seu som para o lado mais pesado e vanguardista do Metal, em Major Cover Ups, Thiago usa vocais guturais em alguns versos, e a parede instrumental faz seu papel de forma exemplar, Industry Of Fear comete um escorregão ao soar demasiadamente similar a Before I Forget do Slipknot.
Acalmando os ânimos, This Life dá um bom respiro adicionando boas doses de melodias e elementos acústicos, e culmina em um final pesadíssimo e arrastado, Green Disease, apresenta muito peso e groove, o trabalho das guitarras é muito bom e o duelo entre as guitarras de Mancini e os teclados de Carelli se destacam.
A trinca final começa com We Are Not Alone, mais melódica e progressiva em seus 7 minutos, Rise Now! é cativante e levanta o ânimo trazendo Influências de AOR no refrão explosivo, Aquiles e Quesada formam uma cozinha indefectível tamanha habilidade em seus respectivos instrumentos, outro grande momento do disco, para fechar Sick And Tired of It All, coloca o pé no acelerador ao adicionar sessões instrumentais alucinantes aliados ao peso e groove do Thrash Metal e a um refrão que se aproxima do Power Metal, ótima mistura.
O Noturnall vem mostrando que o Heavy Metal ainda tem muitos caminhos para explorar, e faz isso muito bem ao sair do lugar comum ao apresentar uma proposta ousada e quebrar os paradigmas. O conteúdo lírico é ótimo e reflete os tempos em que vivemos, Back To Fuck You Up! prova que o Heavy Metal brasileiro vive uma grande fase e vem construindo uma identidade sólida.
Um dos melhores discos de 2015. Compre sem medo!
Back To Fuck You Up!
Fight The System
Back To Fuck You Up! (2015)
- Enquanto a trégua não vem
- Back To Fuck You Up!
- Zombies (The Holy Trinity)
- Fight The System
- Major Cover Ups
- Industry of Fear
- This Life
- Green Disease
- We Are Not Alone
- Rise Now!
- Sick And Tired Of It All
Thiago Bianchi (Vocal)
Fernando Quesada (Baixo, Backing Vocals e Guitarras e Guitarras Acústicas)
Leo Mancini (Guitarras, Backing Vocals, Guitarras, e Guitarras Acústicas)
Junior Carelli (Teclados, iPads, e Backing Vocals)
Aquiles Priester ( Bateria e Backing Vocals)
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