9 de jan. de 2015

Test Time Review #12 - Better Than Raw (1998)




Better Than Raw do já longínquo ano de 1998 é o oitavo disco de estudio do Helloween, um registro  que mostrou ao mundo a consolidação de um estilo maduro de se fazer Power Metal, se afastando dos clichês e buscando uma bem vinda aproximação com o Hard Rock com timbres mais pesados, os experimentos mesclados a uma boa dose do som clássico dos abóboras se mostrou acertado e apontou um caminho para o futuro e ainda deixou claro que a banda sobrevivia muito bem sem Michael Kiske e Kai Hansen.

A Banda

Andi Deris (Vocais)
Michael Weikath (Guitarra)
Roland Grapow (Guitarra)
Markus Grosskpof (Baixo)
Uli Kursch (Bateria)

O Contexto

Após a entrada de Andi Deris e Uli Kusch em 1994, o Halloween se remontou, lançou dois grandes discos Masters Of The Rings (1994) e o épico The Time Of The Oath (1996) o sucesso da nova formação era evidente, mesmo com as desconfianças em cima de Deris por substituir Michael Kiske.

Ainda que sofrendo eternas comparações com o passado, a época já se passará 10 anos desde os Keepers Of The Seven Keys, o Helloween foi astuto o suficiente para não cair na armadilha de fazer discos de power metal convencionais, tanto por uma questão de estética artística quanto pela características e influências dos seus integrantes.

Com um cenário favorável e com novos mercados consumidores (Ásia e América do Sul) o Helloween impulsionou sua carreira com Better Than Raw já respaldado do sucesso de vendas dos dois discos anteriores.

Entretanto o bom momento mercadológico não se refletia por completo internamente, uma vez que as primeiras tensões entre Roland Grapow e Michael Weikath se desenhavam em críticas veladas do atual líder do Masterplan ao vocalista Andi Deris, por outro lado, Grapow, sempre ativo como compositor desde 1989,  era criticado por entregar poucas composições neste ciclo, uma vez que lançou um disco solo e pouco contribuiu com o lançamento recente.

Mesmo assim a banda seguia firme na vanguarda do Power Metal.


As Impressões do Passado

Ouvir um disco 18 anos  após seu lançamento mostra quão rápido o tempo passa, Better Than Raw foi o primeiro disco do Helloween que acompanhei o lançamento (vale ressaltar que conheci a banda em 97 comprando The Time Of The Oath e os Keepers juntos)  e tive aquela expectativa de ouvir em primeira mão, em uma era pré Napster, pré Pirate Bay e Torrents, podem me chamar de saudosista mas era MUITO mais legal esperar para ouvir o disco completo no lançamento.

Nostalgia a parte, Better Than Raw evidenciou a qualidade de Uli Kusch como compositor que assina a intro Orquestrada com guitarras Deliberately Limited Preliminary Prelude Period in Z e participa da avassaladora Push explodiram a cabeça dos fãs dos abóboras, a predominância de Andi Deris como compositor é notória com um bem vindo acento Hard Rock do single Hey Lord!, quando a guitarra de Roland Grapow dispara os primeiros acordes da belíssima intro de Revelation ficou claro qual a melhor faixa do disco, mais uma música de Uli Kusch com letra de Deris.

A fusão da velocidade do Power Metal, com elementos mais pesados e o Hard Rock foi bem conduzida, ao ponto que Michael Weikath brilhou na melódica Midnight Sun, na quase gospel cantada em Latim Laudate Dominum além da quase pop e cativante I Can.

Em termos musicais a banda funcionava muito bem, guitarras alinhadas e com excelentes timbres e solos, cozinha esperta e variada e vocais muito bem encaixados, o quinteto alemão mostrava que talento e personalidade fazia a diferença ao entregar um material genuíno.

Como o álbum envelheceu?

Better Than Raw é parte  de uma fase que não volta mais, o background musical distinto dos 5 integrantes davam uma nova roupagem ao som do Helloween, oxigenando ainda mais o estilo que eles criaram.

O maior mérito do disco em questão é que mesmo hoje ele soa renovador e eclético dentro dos padrões do Heavy metal, é muito interessante ouvir o trabalho atualmente e perceber  o esforço dos caras em fugir da manada que copiava repetia os clichês do Metal melódico a exaustão.

Ainda me lembro da crítica de BTR na Rock Brigade (principal revista de Heavy Metal da época), que colocava o registro como excessivamente Hard Rock e criticava duramente músicas mais pops como Time e I Can, a mesma revista que formou o pensamento metálico brasileiro se mostrava ultrapassada já no período, com o passar do tempo beira o ridículo,  chega a ser enfadonha as palavras de Ricard Franzin para descrever o disco (ainda tenho esse exemplar em algum depósito em casa)

Escutar o trabalho hoje é ainda mais legal por causa das mudanças que viriam pós 2001, é inegável que as perfomances de Uli Kusch e Roland Grapow eram essenciais, seja em composições como na execução e timbres, eles proporcionavam não só a Better Than Raw mas aos demais discos dessa fase uma dinâmica sonora indispensável para a diferenciar os abóboras das outras bandas, algo oposto da fase atual, na qual a banda encontra-se em inércia, lançando discos apenas razoáveis tentando soar como nos anos 80.

Mesmo quase duas décadas depois Better Than Raw soa atual e  afirmo com propriedade que esse petardo não evelheceu, ele continua vigoroso como a primeira vez que coloquei para tocar aqui.



I Can







Revelation (ao vivo)



Track List


  1. Deliberately Limited Preliminary Prelude Period in Z
  2. Push
  3. Falling Higher
  4. Hey Lord
  5. Don't Spit On My Mind
  6. Revelation
  7. Time
  8. I Can
  9. Handful Of Pain
  10. Laudate Dominium
  11. Midnight Sun
Bonus Track e Observações

Back On The Ground 
A Game We Shouldn't Play

Obs: O Encarte do disco é sensacional, um dos mais legais da carreira da banda, mostrando as abóboras nas diversas formas, além de conter divisões dos solos de guitarra.

Ouça no Spotify, é gratuito.

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