Oito anos e uma certeza, o Metallica ainda é um hard hitter, um gigante o qual seus passos representam padrões para a música pesada, após o caos de St Anger e o peso e velocidade de Death Magnetic, decidiram mergulhar em suas influencias e puxar de suas raízes inspiração para o algo novo em seu décimo disco, sem querer reinventar a roda
Escutamos aqui ecos de suas influencias mais profundas, e isso é nítido, entretanto um novo caminho começa a ser construido, paradoxalmente o todo soa mais Metallica do que nunca, lembrando, Metallica, de todas as fases, de Hit The Lights a My Apocalypse, incluindo tudo o que aconteceu nesse meio tempo. E o porque do tamanho sucesso do album se não há nada exatamente novo? Bem, o disco é um dos trabalhos mais coesos da carreira, é a essencia do Metallica em estado bruto.
Como não relacionar a abertura Hardwired com os primeiros anos? Um soco bem dado no ouvinte desavisado, Atlas Rise! Por sua vez se estrutura em linhas melódicas bélissimas, aliado ao peso e trocas de andamento, um belo trabalho de Hetfield e Ulrich, reiterando a influência de NWOBHM que norteou a banda nos primórdios
Now That We’re Dead é a minha predileta, talvez pelo fato de eu ser um grande fã da fase maldita, sim leitor, Load e ReLoad, os discos aos quais tive muito contato, (comecei comprando a discografia com os patinhos feios lá no final de 1996). Deixando a nostalgia de lado, a música é um petardo, com uma grande levada cadenciada de Lars Ulrich na bateria, amparado pelo baixo bem colocado de Robert Trujillo, vale destacar o refrão fácil, excelente.
Quando Moth Into Flame foi lançada há uns meses como single, era evidente a influência grande de Death Magnetic com alguns toques do famigerado St Anger (o disco mais odiado da banda, ao qual, gosto também, sim me julguem!) pegada rápida, letras de cunho pessoal de Hetfield e seu dilema com a fama, tudo isso embalado em uma nova (velha aura), diferentemente de Dream No More, que funciona como o encontro da banda que gravou Master Of Puppets em The Thing That Should That Be com linhas vocais próximas aos trabalhos mais recentes cadenciada, pesada destacando como Hammet e Hetfield conseguem empolgar em suas harmonias.
O novo e o velho mais uma vez duelam em Halo On Fire, longa, lenta e épica, o diálogo entre The Outlaw Thorn e The Day That Never Comes, vale destacar a habilidade do Metallica em conseguir criar atmosferas e explosões de climax, as vezes auto indulgente, mas muito eficiente.
Chegamos ao segundo disco, e com ele Confusion inicia-se com uma bateria em marcha, marcada pela batida forte de Lars e uma parede de guitarras de Hammet e Hetfield e com o baixo de Trujillo acompanhando, a sede de experimentos se faz presente em ManUnkind, uma viagem setentista, um ode ao Sabbath, ainda que um pouco fora de contexto.
Hardwired to Self -Destruct se alonga, mas com qualidade e propósito, Here Comes Revenge e Am I Savage? dão ao segundo disco a cara do Black Album (Metallica, de 1991), ou seja, alternância de andamento entre média e lenta, bateria e baixo marcados além de guitarras bem definidas entre riffs básicos e solos melodiosos, sem tantas harmonias em duetos, mais Metallica impossível.
Para encerrar o trabalho de forma grandiosa encontramos a homenagem a Lemmy Kilmster em Murder One na letra auto explicativa e na thrash motorhediana Spit Out The Bone, uma pedrada que não deixa nada de pé. O Metallica fecha mais um capitulo de sua carreira de forma gloriosa, e a crescente de Death Magnetic se mantém, eles estão mais fortes do que nunca.
Hardwired...To Self -Destruct (2016)
A Banda
James Hetfield (Vocal e Guitarra)
Lars Ulrich (Bateria)
Kirk Hammet (Guitarra)
Robert Trujillo (Baixo)